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Protocolo – Carga Imediata

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Protocolo Brånemark, uma das técnicas mais consagradas da odontologia mundial, foi através desse tipo de tratamento que a implantodontia ganhou credibilidade.

Per Ingvar Brånemark, o sueco que descobriu o fenômeno da osseointegração, desenvolveu os implantes osseointegrados modernos, parafusados no tecido ósseo, garantem estabilidade suficiente para sustentar próteses e devolver aos pacientes força mastigatória semelhante aos dentes naturais.

Conhecida no Brasil pelo nome de Protocolo Imediato, a técnica consiste em fazer uma cirurgia para instalar implantes em pacientes desdentados e colocar uma prótese logo após esta cirurgia, fazendo com que o paciente passe a desfrutar de uma dentição fixa novamente, muito mais eficiente que a dentadura.

Quem pode se beneficiar deste tratamento?

Pessoas que perderam todos os dentes, seja por doença periodontal ou cárie e já utilizam dentadura. Pessoas que ainda possuem dentes, mas estes tem indicação para serem extraídos porque já estão muito comprometidos. O tratamento serve para devolver aos pacientes a mastigação e a segurança em sorrir, por terem agora próteses fixas, que não se deslocam. Mesmo pessoas que já utilizam dentaduras há muitas décadas, podem se beneficiar da técnica.

Como surgiu a Ossointegração

Brånemark era médico ortopedista e pesquisava sobre microcirculação óssea. No início dos anos 1960, teve a grande ideia de montar um microscópio no osso de um coelho. Mandou fazer uma lente em titânio, que foi inserida na tíbia do animal, sendo estabilizada através de fixações no próprio osso. A lente era deixada por meses, com objetivo de observar o processo de circulação do tecido ósseo funcionando “in vivo”.

Brånemark, ao tentar remover a lente do microscópio, notou que ficaram difíceis de sair e, quando saiam, pareciam estar grudadas. Após a remoção, observou o tecido ósseo em contato com o titânio, percebendo pela primeira vez o fenômeno da osseointegração. O titânio é um material que, ao entrar em contato com o tecido ósseo não causa nenhum tipo de reação ao osso, fazendo com que o tecido se forme em íntimo contato com o metal, dando a ele grande estabilidade, sem haver rejeição.

Percebendo esse fenômeno, verificou que um problema muito grande da população sueca era a falta de dentes e, começou a utilizar a osseointegração na odontologia. Definiu protocolos de trabalho bem padronizados, fez apostilas e treinou os primeiros profissionais. Primeiramente, Brånemark definiu que os implantes seriam instalados na mandíbula entre os dois forames e mentonianos, ou seja, seria apenas na parte da frente, no queixo mesmo, porque é um osso muito denso, duro, favorável para a osseointegração.

Isto ocorreu por muito tempo, durante 20 anos,  e os implantes só eram utilizados para isso. Cinco implantes instalados na região anterior da mandíbula que sustentavam uma prótese fixa com 12 dentes. O sistema foi criado para resolver apenas casos de desdentados inferiores, não havendo ainda esse procedimento na arcada superior da boca.

Convencionalmente, os implantes eram instalados de forma sepultada, ou seja, os implantes ficavam recobertos pelo tecido gengival aguardando o período de osseointegração, cujo processo leva de três a seis meses.  Após estarem osseointegrados, os implantes então eram expostos, realizando-se um pequeno corte no tecido gengival para instalação dos pilares protéticos, que tem como função unir os implantes, que estão dentro do osso, à prótese, que ficará por cima da gengiva. O carregamento convencional, três meses após a instalação dos implantes é chamado carga tardia. Atualmente, a grande maioria dos protocolos é feita com carga imediata, como já descrito, em que o implante recebe a prótese até quatro dias depois da cirurgia de instalação dos parafusos.

Carga imediata: a possibilidade de ter os dentes de volta em até quatro dias

A partir da metade da década de 1990, os profissionais mais experientes com a implantodontia, tiveram confiança para não aguardar o período de osseointegração, colocando carga nos implantes de forma imediata. Muitos trabalhos científicos já foram realizados e provaram que é possível devolver ao paciente a possibilidade de mastigar, com uma prótese provisória ou definitiva, logo após a instalação dos implantes, o que torna muito mais eficiente o tratamento.

Manutenção e Durabilidade da Prótese

O paciente recebe uma prótese definitiva que poderá mastigar como se fosse seu dente natural, sua durabilidade tem um tempo variável, de pessoa para pessoa.

Em relação a longevidade, existem variáveis que contribuem para uma maior durabilidade ou um desgaste precoce. Pessoas que possuem hábitos parafuncionais (por exemplo: bruxismo e roedores de unha) irão diminuir a longevidade da prótese. Outro agravante para aumentar o desgaste precoce dos dentes é utilizar escovas muito duras e aplicar uma pressão exagerada durante a higienização. Utilizar outros instrumentos para higienização, além do fio dental e escovas, também pode contribuir para a diminuição da vida útil da prótese.

A título de curiosidade, o primeiro paciente implantado utilizou os implantes por mais de 40 anos, porém a prótese foi trocada várias vezes mas os implantes foram mantidos.

Quem quiser conservar bem a sua prótese, deve utilizar escovas macias e se prevenir de hábitos parafuncionais. Existem várias formas de tratar o bruxismo, por exemplo. Abordaremos estes assuntos em breve.

Passo-a-passo: tudo o que você precisa saber em relação a técnica empregada neste tratamento.

Como já mencionado anteriormente, o protocolo imediato consiste em ter uma prótese fixa definitiva logo após a cirurgia. A prótese pode ser confeccionada no mesmo dia ou em até quatro dias, o que ainda quer dizer carga imediata. Este tipo de tratamento é para pacientes que perderam todos os dentes ou ainda possuem alguns, mas estes estão condenados a extração. A prótese é feita como uma dentadura, mas a grande diferença é a estabilidade. Por estar fixada aos implantes, não é necessário ter o céu da boca em resina, o que proporciona um conforto muito maior ao paciente. Imagine alguém que usou dentadura por décadas poder sentir novamente o gosto dos alimentos no céu da boca. Além de voltar a ter força para mastigar, o gosto da comida fica muito mais apurado porque as papilas gustativas do palato mole (parte de trás do céu da boca) não estão mais escondidas por uma dentadura.

Após fazer uma avaliação prévia da saúde geral, a cirurgia de instalação dos implantes pode ser agendada, porém, algumas sessões importantes acontecem antes da instalação dos implantes. Cada paciente tem sua individualidade e a estética dos dentes deve ter harmonia com a estética facial. Os primeiros passos do tratamento consistem em fazer provas da estética do trabalho. Tamanho, forma, cor, tipo dos dentes são variáveis totalmente personalizáveis e quanto melhor for a sessão prévia a cirurgia, mais bonita ficará a prótese. É possível fazer os dentes exatamente da forma que o paciente quer. Atualmente, fotos antigas ou fotos de familiares são fontes importantes para a personalização da prótese, com o objetivo de devolver ao paciente dentes iguais aos que ele perdeu. Com naturalidade e resistência, as próteses são confeccionadas uma a uma, pensando sempre no resultado final.

Vamos demonstrar com fotos o passo-a-passo (sem as imagens da cirurgia) de como o protocolo é feito.

Iniciamos pela arcada superior:

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A paciente em questão não possuía dentes em função há mais de 30 anos, e utilizava dentadura.

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É possível notar na radiografia a presença de osso para posicionar os implantes. Uma curiosidade sobre esta paciente é a presença de um terceiro molar (dente do siso) que não chegou a aparecer na boca. Como não apresentou problemas, não houve indicação para extraí-lo.

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Em um procedimento de aproximadamente uma hora, os implantes são instalados. No caso em questão, foram instalados apenas quatro implantes, seguindo a técnica All-on-4, mas também pode ser indicado fazer com seis implantes. A instalação dos implantes é um procedimento seguro e indolor, se todas as recomendações pós-operatórias forem seguidas.

No mesmo procedimento da cirurgia, ou seja, na mesma sessão, uma moldagem é feita para que um técnico em prótese possa confeccionar uma prótese como a que está acima. Ela não possui céu da boca, garantindo conforto liberdade para os pacientes, como já citado. A prótese é fixa, parafusada e só pode ser removida pelo cirurgião dentista, o que dá extrema segurança ao usuário, podendo ser utilizada em qualquer circunstância normal, como o dente natural. É possível comer churrasco, pão, frutas, inclusive morder com os dentes da frente para cortar os alimentos, ação impossível para usuários de dentadura.

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Estes são os implantes três meses após a realização do tratamento. O aspecto rosado firme da gengiva denota a saúde do tecido. Agora a paciente pode mastigar com segurança e sem restrições.

 

Além de poder mastigar, a mudança estética trouxe uma melhora da autoestima da paciente que agora não se preocupa e pode sorrir de forma espontânea.

Na arcada inferior, o procedimento é o mesmo. Uma cirurgia é feita para instalar os implantes e é possível fazer uma moldagem na mesma sessão.

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Neste caso a paciente ainda possuía dentes, mas eles estavam condenados. Os dentes foram extraídos e os implantes instalados na mesma sessão. Este procedimento pode ser feito tanto para a arcada inferior quanto para a superior. Portanto, pacientes que estão com todos os dentes condenados, podem se beneficiar do tratamento e ter uma boca perfeita em apenas alguns dias.

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Como no superior, os implantes já estão instalados. A paciente vai para casa e é orientada a repousar enquanto a prótese é confeccionada no laboratório de prótese.

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Geralmente as próteses serão instaladas no dia seguinte, mas podem ser instaladas no mesmo dia ou até quatro dias depois.

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Três meses depois, os implantes estão completamente osseointegrados. Firmes e aderidos ao osso, podem receber a carga da mastigação. A paciente está liberada para mastigar qualquer tipo de alimentos.

O que é o implante?

O implante é um parafuso feito de titânio que, ao ser fixado no tecido ósseo, serve como ancoragem para a instalação de um dente substituto.

Nem todos são aptos a receber implantes, é necessário que o dentista faça uma avaliação para verificar se você possui uma gengiva saudável e tecido ósseo adequado, para poder sustentá-lo.

Todas as pessoas, ao perderem os dentes, sofrem algum tipo de atrofia óssea. Uma avaliação radiográfica e tomográfica é necessária para verificar se o tecido ósseo remanescente é suficiente para instalar os implantes. Sempre que algum dentista oferecer um tratamento com enxerto, peça para ele rever o planejamento porque, atualmente, os enxertos ósseos estão sendo substituídos por técnicas alternativas, mais simples, como a técnica All-on-4, que garantem que todos os casos de protocolo possam ser resolvidos sem enxerto. Cada vez mais os enxertos ósseos estão em desuso por causa do desenvolvimento de técnicas alternativas.

O objetivo desta postagem é estimular as milhões de pessoas que ainda sofrem de problemas dentários a realizar tratamentos como este e viver uma vida mais saudável e feliz. Se você achou estas informações úteis, compartilhe, mostre para pessoas da sua família que sofrem de problemas bucais. Nos ajude a divulgar este trabalho e motivar cada vez mais pessoas. Estamos a disposição para esclarecer dúvidas. Responderemos aos comentários e aos e-mails que forem enviados para nós.

 

Mais informações sobre a história da osseointegração, clique aqui.

Heitor Cosenza
Heitor Cosenza
Dr. Heitor Bernardes Cosenza Cirurgião Dentista pela Faculdade de Odontologia de Bauru – USP, Especialista em Implantodontia pela Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas, Mestre em Implantodontia pela USC Bauru, Pós-graduado em Odontologia Estética pelo SENAC São Paulo e Coordenador da Especialização em Prótese Dentária da F1 Cursos.

15 Comentários

  1. Marcos Barbosa disse:

    GOSTARIA DE SABER SE POR UMA PANORÂMICA TOTAL TEM COMO AVALIAR IMPLANTES DE UMA PESSOA SEM ESTAR EM SUA CLINICA ?

    • Marcos, bom tarde! Você pode encaminhar para o e-mail do blog a panorâmica (atendimento@heitorcosenza.com.br). O que posso fazer é informar mais ou menos qual o tratamento necessário, quanto tempo vai levar, o que será preciso e a respeito do pós operatório, porém não consigo determinar valores sem fazer uma avaliação clínica mais precisa, fique à vontade para agendar uma consulta através do e-mail ou do nosso telefone (17-32352310). Obrigado, Heitor Cosenza.

  2. […] já explicado de forma resumida no post anterior “Protocolo – Carga Imediata”, os implantes são parafusos feitos de titânio que, ao serem fixados no tecido ósseo, servem […]

  3. Denise Oliveira disse:

    Boa tarde, depois de colocado este implante, corre risco de ficar resto de comida entre o implante e a gengiva?

    • Denise, só acontece isso se o perfil da prótese estiver incorreto. Se a prótese tiver uma boa adaptação com o tecido gengival, não irá parar alimentos.

  4. Denise, boa tarde! Tudo bem? Só há esse risco se a prótese que foi colocada sobre o implante tiver uma anatomia incorreta. A prótese sobre implante deve ficar em íntimo contato com o tecido gengival para que não aconteça a impactação alimentar. Obrigado, Heitor Cosenza.

  5. […] já explicado de forma resumida no post anterior “Protocolo – Carga Imediata”, os implantes são parafusos feitos de titânio que, ao serem fixados no tecido ósseo, servem […]

  6. pascoal jose pussi disse:

    Caro Dr. Heitor Cosenza.
    Quero parabeniza-lo por seu artigo, que me foi de grande valia…pois estou prestes a realizar meus implantes com carga imediata.
    Sua preocupação profissional em informar a nós pacientes leigos, só fará crescer o números de pacientes que deverão procura-lo.
    Sou do Paraná…mas tenho certeza que se aí residisse seria seu cliente em potencial.
    Posso imagina-lo como um jovem profissional, estudioso ecompetente.
    Meu desejo é ve-lo prosperar cada vez mais e num futuro próximo te-lo como referência Nacional na implantodontia.
    Foi uma honra ler seu artigo meu Jovem Doutor..
    Fica aqui o meu muito obrigado.
    Atenciosamente.
    Pascoal

    • Pascoal, eu que agradeço. Uma grande felicidade para mim receber uma devolução tão positiva do artigo que escrevi. O motivo inicial da montagem do blog é realmente para construção de uma marca, mas no fim, a maior satisfação é poder contribuir com as pessoas.

  7. Nádima Paulo da Silva disse:

    Quero parabeniza-lo por sua explicação foi de grande valia .Um abraço

  8. sergio moreira disse:

    dr Heitor ,4 duvidas…seria vantagem fazer um planejamento reverso e utilizar a protese para uma guia cirurgica?no caso apresentado de instalacao pos cirurgica ,foi feito uma captura da posicao dos implantes,e isso é suficiente para a passividade do trabalho? neste caso,foi utilizado uma barra fundida,ou somente as femeas inseridas no acrilico?voce utiliza peça provisoria de transicao pu ja vai para a definitiva? grato pela atencao.

    • Boa noite Sérgio, tudo bem? Caso tenha interesse em mais interação técnica comigo, por favor, fique a vontade para me chamar no Instagram @dr_heitorcosenza. É o meu canal de comunicação com dentistas. Agora vamos as respostas: planejamento reverso sempre! É uma grande vantagem e recomendo fazer até quando não há intenção de carga imediata. A captura em acrílico para uma prótese provisória, ou a captura dos transferentes para moldagem com guia multifuncional são suficientes para obter passividade. Utilizo barra fundida quase 100% das vezes. Faço a carga imediata com a prótese definitiva já, sempre sobre intermediários protéticos. Dentro do processo mais rotineiro: 1. Exodontia + implantes + intermediários + moldagem / 2. Instalação da peça definitiva após um dia. 3. Revisão com quatro meses e se necessário, reembasamento.

  9. Maria Neusa Lopes disse:

    Coloquei os quatro implantes superiores a quase dois meses e com um mês o dentista só parafusou os dois de trás e deixou a gengiva da prótese provisória. Está certo?

    • Olá Maria, tudo bem? Não consigo opinar sobre o trabalho que foi feito, sem antes fazer uma consulta clínica para realmente entender a situação. Somente com exame clínico e algumas radiografias é possível dar um parecer sobre a sua situação atual. Atenciosamente, Heitor Cosenza

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